quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma pequena revolta contra a era 'alcool gel' e com pessoas porquinhas


Sairei um pouco do meu estilo de textos, para debater um assunto interessante e preocupante.

Conforme matéria da Folha On line, uma superbactéria infectou dois pacientes no Rio de Janeiro.
[[http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u631351.shtml]]

A tal bactéria é a Acinetobacter, e segundo minha rápida pesquisa na wikipedia e em um site médico, descobri que essa simpatica criatura - como diria o prof Santos - pertence a um gênero composto por cocobacilos gram-negativos não fermentadores, imóveis (daí o nome a-cineto), oxidase negativos. São importantes na natureza pois contribuem para a mineralização do solo, mas que são extremamente danosas à pessoas com a saúde debilitada.
E finalmente, são encontradas em ambientes saturados e pouco higienizados.

A questão da saúde publica já foi inumeras vezes debatidas, mas nessa era de gripes apocalipticas, as pessoas em comum, os gorvernantes, as redes de televisão sempre se esquecem que a cuidar da saúde é mais do que criar pessoas neuroticas com o uso de alcool gel.
Ao mesmo tempo em que vimos uma loucura causada por um gripe muito suspeita e mal explicada, o problema com essa bacteria ja ocorreu ha alguns meses na região sul, e ela, que realmente oferece riscos gritantes, será esquecida tão logo o jornal nacional a noticie e começe a novela das 9.

Além disso, quantas outras mortes poderiam ser evitadas com medidas simples de higiene?
Não seria muito mais util se, em vez de tempos em tempos criarem uma gripe da moda e gastarem horas criando um pânico desmedido, usassem aquele tempo para ensinar coisas uteis, explicar - sim, pq muitas pessoas precisam que desenhem - que se deve lavar as mãos quando chega em casa, após as necessidades, não comer comida do chão, não comer alimentos não lavados.
Afinal, se é para criar uma população maniaca por limpeza, que expliquem que o que resolve é agua e sabão, pq o alcool gel não mata nada, só evita a proliferação do agente infeccioso nas mãos.



Reflexões



Oi galera. Primeiramente, em nome de todos - Fernanda, Fernando e Nathaly - peço desculpas pelo abandono. Fim de ano tá aí: pra uns a preocupação com o vestibular, pra outros os eternos trabalhos, leituras e estudos da faculdade...
Eu, por exemplo, teoricamente não deveria estar aqui: primeiro, porque o ENEM é neste fim de semana; segundo, porque vou prestar medicina; e terceiro porque minhas TMs, TCs (tarefas diárias de todos os dias, pra quem não conhece) e as mais variadas listas de exercícios estão completamente atrasadas. Como eu disse, teoricamente, eu não deveria estar aqui. Quem foi que disse que deve ser assim? Cansei deste discurso, há coisas mais importantes na vida.
Apesar de todos esses fatores que, segundo se acredita, influenciarão no fato de eu passar ou não no vestibular, porém, eu me sinto mais que na obrigação de escrever. Os últimos dias estão sendo muito importantes pra mim de uma forma que eu não consigo explicar. Aliás, este ano no cursinho me fez enxergar tantas coisas e dar valor a tantas outras...
Creio que como todo aluno de cursinho, eu tive, sim, minhas crises. Chorei, pensei em desistir do meu sonho, fiquei em dúvida. Há poucos dias quem convive comigo poderia afirmar que eu estava literalmente surtando. De uns tempos pra cá, entretanto, meu foco foi se desviando, e eu comecei a enxergar tanta coisa, a refletir tanto. Tenho observado a sociedade como um todo, a forma com que somos explorados por pessoas ou pensamentos de outros e, principalmente, o conformismo do cidadão brasileiro. O Brasil é, se não me engano, o país com a maior carga tributária do planeta; sabemos que o dinheiro dos nossos impostos não vai integralmente para o povo, prova disso é o sistema de educação precário e as piores condições sanitárias e de saúde em tantos locais do nosso território. Pra onde vai todo o dinheiro? Sim, pro bolso desses políticos hipócritas. Após o episódio "Sarney", o que fizemos? Porra, sabemos que o nosso dinheiro está indo pra mão de poucos e, mesmo assim, não fazemos absolutamente nada.
Conversando com um colega plantonista hoje - o que, aliás, foi a minha maior inspiração pra postar - passei a questionar mais ainda a sociedade. Na segunda-feira, numa aula de redação, houve a maior discussão sobre um determinado assunto e, não conseguindo se expressar direito, esse meu colega, hoje, veio conversar e me explicar melhor seu ponto de vista. Resultado: a gente se empolgou e eu perdi uma aula. Quer dizer, "perdi" uma aula, mas estava discutindo coisas que, ao meu ver, são mais importantes que passar no vestibular, coisas que eu posso levar pra minha vida, que contribuem para a minha formação intelectual e, meu Deus, como é bom estar sempre em busca do conhecimento e ter acesso a ele. A cada vez que se aprende algo, podemos ter a noção do quanto não sabemos de nada, de que há sempre coisas a se aprender.
Somos - e para "somos" eu digo, infelizmente, nós que temos acesso a uma melhor educação e sabemos dar o devido valor a isso - privilegiados. E para educação eu defino não apenas uma boa escola, particular como muitos devem imaginar, mas à educação vinda de casa principalmente, porque acredito que a família exerce um papel fundamental na formação de cada um.
Eis a questão do problema. Discutindo o assunto hoje, dentre tantos outros, vi que está aí a raiz do problema. Ok, se não for a raiz é, com certeza, um fator crucial: a maioria da população não tem acesso à informação e, pior de tudo, nem faz questão disso. É por isso que vemos tantos, no dia da eleição, pegando o primeiro papelzinho que vêem à frente e colocando lá na urna um número qualquer. E talvez não seja só por isso que encontramos tantos Sarneys, Collors, etc no poder. Tenho absoluta certeza de que algumas pessoas elegeram tais candidatos um dia acreditando que eles seriam bons representantes; acredito que sim, houve votos conscientes. Todos, porém, têm o direito de se arrepender. E está aí: nós não temos autoridade para tirar esses caras de lá, não só porque simplesmente não "temos autoridade", mas porque não nos interessamos em fazer nada. "Ora, se pra mim é mais cômodo ficar em casa, assistindo pela televisão todos os relatos de corrupção, deitadona lá no sofá, com um pacote de bolacha recheada na mão e o controle remoto na outra, por que eu irei me mexer?". É triste constatar isso, mas esta é a realidade do brasileiro. Fora também que hoje em dia não temos mais em quem nos inspirar. Onde estão os Ches, Ghandis, Zapatas, Mandellas, Luther Kings de hoje? (créditos pro professor Frank, que fez esta observação ontem numa aula sobre o século XX).
Meus questionamentos não estão apenas baseados em política. Não irei continuar com minhas crises aqui. Agora eu preciso estudar, vestibular também é importante, e o ENEM tá aí hahaha. Não vou também "chutar o pau da barraca" com relação a isto. Só precisava desabafar um pouco. =)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Por uma visão menos reacionária

Semana passada tive uma calorosa discussão com duas amigas sobre cotas em universidades públicas. Não sou a favor de cotas raciais pela mesma razão que todos diriam, e acho que já é até clichê dizer isso, mas raça (odeio esse termo) não afeta conhecimento. Porém sou completamente a favor das cotas sociais, visto que os alunos da rede pública não recebem o apoio e as oportunidades que alguns playboys recebem (me incluo) : fazer o ensino médio em escola particular, depois fazer cursinho, ser sustentado pelo pai, poder estudar horas por dia, ter acesso à informação de qualidade, depois talvez até ganhar um carro se passar na federal... Eu sei, vão dizer que o problema deve ser resolvido na raíz, que a educação no Brasil deve melhorar e as cotas não resolvem nada, que os alunos devem entrar por mérito e etc... Respeito as opiniões de todos, mas, sinceramente, isso pra mim é discurso da classe média. O MÉRITO só se consegue com OPORTUNIDADES IGUAIS. Os alunos não podem esperar a vida inteira por uma melhora no ensino do nosso país. Não sejamos hipócritas, todos sabemos que isso tá bem longe de acontecer.

Enfim, esse assunto ainda vai dar pano pra manga e eu não quero retomá-lo.
Mas quero deixar aqui uma parte de um texto pra que vocês reflitam e, quem sabe, tentem ver as coisas sob outro ângulo...

"O velho adágio não dê o peixe, ensine a pescar - geralmente proferido por alguém que pode escolher no mercado, dentre os peixes, o que mais lhe apraz - soa inteiramente falso e inconsequente, quando se sabe estar lidando com alguém desprovido de acesso ao rio, barco, molinete, rede, ou mesmo arpão, jangada, curral, tendo perdido - algum dia apropriou-se delas? - as elementares técnicas de arrastão. A metáfora da pescaria pode ser útil para pôr em questão as condições - ou a falta delas - para a conquista da autonomia, mas induz à simplificação da questão.
O enfrentamento do problema requer que se ponha em questão, para ficar na metáfora, a construção social da pescaria e o acesso diferencial e desigual ao produto dela. Nem o rio, nem as técnicas de pescaria - tradicionais ou modernas -, nem os peixes são iguais para todos. E é preciso tratar diferentemente os diferentes, segundo o critério de eqüidade (...) O peixe é um dos alimentos mais saudáveis. Mas não basta. Nem só de peixe vive o homem. "
- Ademir Alves da Silva, professor de Política Social da PUC-SP.

(obs.: não sou cotista)