quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Reflexões



Oi galera. Primeiramente, em nome de todos - Fernanda, Fernando e Nathaly - peço desculpas pelo abandono. Fim de ano tá aí: pra uns a preocupação com o vestibular, pra outros os eternos trabalhos, leituras e estudos da faculdade...
Eu, por exemplo, teoricamente não deveria estar aqui: primeiro, porque o ENEM é neste fim de semana; segundo, porque vou prestar medicina; e terceiro porque minhas TMs, TCs (tarefas diárias de todos os dias, pra quem não conhece) e as mais variadas listas de exercícios estão completamente atrasadas. Como eu disse, teoricamente, eu não deveria estar aqui. Quem foi que disse que deve ser assim? Cansei deste discurso, há coisas mais importantes na vida.
Apesar de todos esses fatores que, segundo se acredita, influenciarão no fato de eu passar ou não no vestibular, porém, eu me sinto mais que na obrigação de escrever. Os últimos dias estão sendo muito importantes pra mim de uma forma que eu não consigo explicar. Aliás, este ano no cursinho me fez enxergar tantas coisas e dar valor a tantas outras...
Creio que como todo aluno de cursinho, eu tive, sim, minhas crises. Chorei, pensei em desistir do meu sonho, fiquei em dúvida. Há poucos dias quem convive comigo poderia afirmar que eu estava literalmente surtando. De uns tempos pra cá, entretanto, meu foco foi se desviando, e eu comecei a enxergar tanta coisa, a refletir tanto. Tenho observado a sociedade como um todo, a forma com que somos explorados por pessoas ou pensamentos de outros e, principalmente, o conformismo do cidadão brasileiro. O Brasil é, se não me engano, o país com a maior carga tributária do planeta; sabemos que o dinheiro dos nossos impostos não vai integralmente para o povo, prova disso é o sistema de educação precário e as piores condições sanitárias e de saúde em tantos locais do nosso território. Pra onde vai todo o dinheiro? Sim, pro bolso desses políticos hipócritas. Após o episódio "Sarney", o que fizemos? Porra, sabemos que o nosso dinheiro está indo pra mão de poucos e, mesmo assim, não fazemos absolutamente nada.
Conversando com um colega plantonista hoje - o que, aliás, foi a minha maior inspiração pra postar - passei a questionar mais ainda a sociedade. Na segunda-feira, numa aula de redação, houve a maior discussão sobre um determinado assunto e, não conseguindo se expressar direito, esse meu colega, hoje, veio conversar e me explicar melhor seu ponto de vista. Resultado: a gente se empolgou e eu perdi uma aula. Quer dizer, "perdi" uma aula, mas estava discutindo coisas que, ao meu ver, são mais importantes que passar no vestibular, coisas que eu posso levar pra minha vida, que contribuem para a minha formação intelectual e, meu Deus, como é bom estar sempre em busca do conhecimento e ter acesso a ele. A cada vez que se aprende algo, podemos ter a noção do quanto não sabemos de nada, de que há sempre coisas a se aprender.
Somos - e para "somos" eu digo, infelizmente, nós que temos acesso a uma melhor educação e sabemos dar o devido valor a isso - privilegiados. E para educação eu defino não apenas uma boa escola, particular como muitos devem imaginar, mas à educação vinda de casa principalmente, porque acredito que a família exerce um papel fundamental na formação de cada um.
Eis a questão do problema. Discutindo o assunto hoje, dentre tantos outros, vi que está aí a raiz do problema. Ok, se não for a raiz é, com certeza, um fator crucial: a maioria da população não tem acesso à informação e, pior de tudo, nem faz questão disso. É por isso que vemos tantos, no dia da eleição, pegando o primeiro papelzinho que vêem à frente e colocando lá na urna um número qualquer. E talvez não seja só por isso que encontramos tantos Sarneys, Collors, etc no poder. Tenho absoluta certeza de que algumas pessoas elegeram tais candidatos um dia acreditando que eles seriam bons representantes; acredito que sim, houve votos conscientes. Todos, porém, têm o direito de se arrepender. E está aí: nós não temos autoridade para tirar esses caras de lá, não só porque simplesmente não "temos autoridade", mas porque não nos interessamos em fazer nada. "Ora, se pra mim é mais cômodo ficar em casa, assistindo pela televisão todos os relatos de corrupção, deitadona lá no sofá, com um pacote de bolacha recheada na mão e o controle remoto na outra, por que eu irei me mexer?". É triste constatar isso, mas esta é a realidade do brasileiro. Fora também que hoje em dia não temos mais em quem nos inspirar. Onde estão os Ches, Ghandis, Zapatas, Mandellas, Luther Kings de hoje? (créditos pro professor Frank, que fez esta observação ontem numa aula sobre o século XX).
Meus questionamentos não estão apenas baseados em política. Não irei continuar com minhas crises aqui. Agora eu preciso estudar, vestibular também é importante, e o ENEM tá aí hahaha. Não vou também "chutar o pau da barraca" com relação a isto. Só precisava desabafar um pouco. =)

4 comentários:

  1. Jackie!

    Pra variar, seu texto esta muito bom.

    Uma opinião de quem fez dois ano de cursinho, pra nos 45 do segundo tempo mudar de profissão e gosta do que faz.
    Sinceramente, o que eu mais aprendi ai foi fora da sala de aula.
    Pq as fórmulas, as regrinhas, as tm's e tc's são sempre as mesmas, desde aquele velho livro anglo do 1º colegial.
    Em um lugar em que você não tem a 'obrigação' de assistir aula, pq ngm vai ligar pra sua mãe perguntando o que você estava fazendo da vida que não respondeu a chamada, você amplia muito sua visão de mundo.
    Se você parar para conversar com a Dona Rosa da banca de jornais, com os plantonistas, com a cris da secretaria, com o chapeiro da padaria, com qualquer um, por mais inutil que pareça a informação, ela te faz crescer.
    Não sou a favor de matar todas as aulas, mas tem aulas que você faz um favor pra si mesmo se matar.

    Quanto aos Sarneys, Collors e tantos outros da mesma laia, não é tanto a vontade que falta, mas a chance concreta de se fazer algo.
    O mais apaixonante e broxante do direito, é ver como uma constituição tão bem elaborada é tão mal seguida.
    Alias, a grande resposta de pq eles fazem isso tão descaradamente é simples: não há um poder superior sobre eles. Esse é o grande problema de qualquer Estado.
    Nós só seguimos as leis por medo de uma possivel coerção. E eles?
    Por mais que - segundo a constituição - sejamos todos iguais, parece que certas pessoas se acham e agem como se fossem isentas.

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  2. Parabens jacq, to orgulhoso de vc!

    provavelmente uma das razoes do meu mal desempenho nos estudos seja isso, dar importancia pra coisas como essa, mas é otra historia...

    parabens denovo, bejaooo

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  3. Jackie Tequilla, coca-cola e água...égua, língua, míngua minha mágoa, uô ô, iê...!

    Estamos sufocados entre os deveres de uma vida exigente (deveres que devem ser cumpridos sem auxílio solidário, uma vez que todos estão metidos em seus próprios problemas) e sem tempo e ânimo para sonhar com um "eu" diferente, com uma conversa diferente, com um mundo diferente...Essa é a parte ruim.
    A parte boa é que todos aqueles que um dia gritaram "NÃO", não o fizeram solitariamente e não o fizeram sem ter sofrido resistência. Assim, tenho certeza de que não estamos num barco tão ruim assim...É verdade, o mar está revolto...mas a coragem é teimosa.
    O que podemos e devemos fazer é cumprir nossa missão: fazer por nossas próprias mãos um outro mundo. E este outro mundo será cada vez mais possível à medida em que confiarmos naqueles que hoje são julgamos como os menos capaz de mudar tudo: ao povão...(figura simpática e temida). Precisamos de educação (é claro), mas precisamos de uma boa dose de vontade...vontade de arriscar...vontade que o povão vez por outra tem de sobra...

    Chegou a hora de tentar mudar...e devemos faezr isso em cada lugar em que estivermos...nas casas, nos bares, nas ruas, nas escolas, nos cursinhos, nas igrejas, nos amigos... Ser diferente e pedir o diferente não tem hora e locais certos, ao contrário, todas as horas são horas e locais são locais certos.

    Agora, essa é pra você Jackie: Fico feliz que possa ter "caminhado" (pensado). Lembre-se: vamos passo a passo, como bêbados e sem saber o caminho, mas o importante é que seguimos em frente e autonomamente, cruzando com nossos companheiros bêbados de viagem.

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  4. George Orwell escreveu em seu livro Revolução dos Bichos (Animal Farm) "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros"

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