quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Hoje, depois de anos passando em frente a prateleira de filmes clássicos da locadora, resolvi alugar "Um estranho no ninho".


Ok, muitos já devem tê-lo visto, mas há nele muito mais do que bons atores e interpretações muito bem feitas, há todo um 'algo mais' que quase poderia passar desapercebido.


Não preciso repetir que a faculdade amplia a mente, mas especialmente desde o dia 02 de agosto, por uma razão ainda desconhecida, uma professora foi substituída por um professor com a mesma formação (estudaram juntos nas duas universidades que cursaram) e as aulas até então insuportaveis começaram a ficar 'assistíveis" e desde ontem, apresentação do meu seminário, começaram a fazer sentido.


A matéria em questão, sociologia.
O professor não é o professor titular da cadeira, está substituindo a substituta.
A princípio, antes da mudança, iniciaríamos a tão discutida origem do crime, mas ele optou, pela bagagem cultural que proporcionaria, modificar o rumo do estudo e passar autores - não necessariamente sociólogos - que analisassem a sociedade no século XX.


A essa altura, devem estar se perguntando o que diabos 'um estranho no ninho' tem a ver com a matéria?
Tudo.


O texto do seminário (para quem se interessar, Marcuse: “A obsolecência da Psicanálise”) fala como não havendo mais a figura paterna como fonte de valor para o ser humano, e sim a sociedade influenciando o consumo e as escolhas, não há mais o ser humano como individuo.
Há uma sociedade que não se unifica por medo ou amor a um líder, mas a coesão está em evitar que o que é determinado como bom seja ameaçado e se perca.

Entretanto, quanto mais liberdade a sociedade garante ao indivíduo, mais o reprime nas exigências de conduta e comportamento.


Aprendemos a controlar nossos impulsos para viver bem em sociedade, aceitamos seus valores desde a infância e quem não é capaz de controlar os impulsos e dizer amém aos valores pode ser chamado de muitas coisas, sendo as denominações mais comuns aquelas que estão entre os conceitos de 'meu, essa cara é louco' e 'nossa, olha o esquisitão'.


Mais do que um mero clássico, o filme retrata, em um microcosmo, a sociedade unida pela repressão e medo até a chegada de um novo líder, que não aceita as regras estabelecidas.
A possibilidade de ir contra as regras inspira cada um que é reprimido a lutar contra essa repressão.
Afinal, qual a razão de  aceitar ter sua vida controlada, com horários pré-definidos, atividades pré-definidas se você tem autonomia para fazer suas escolhas?
Por que não ser completa e irresistivelmente livre?


E daí tiro a conclusão tão clara e pessimista de que para ser livre é preciso abaixar a cabeça e aceitar o maior número possível de regras e imposições sociais e culturais possíveis.

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