domingo, 30 de maio de 2010

Surpresa

Como o título sugere, esta é uma notícia inesperada, até para mim. Dado o caráter fulminante do ocorrido, vou postergar (leia-se “empurrar com a barriga”) posts que estão em andamento e dar a devida importância à notícia em questão.

Estava folheando, ou melhor, “cadernando” o jornal, escolhendo alguma coisa para ler no banheiro quando fui atingido em cheio por uma manchete boa. Sim, caros amigos, uma coisa boa!

No caderno de automóveis, a manchete “este ‘avião’ será fabricado em São Paulo”. Só não caí da cadeira porque eu estava de pé. Trata-se de um superesportivo (sim, tipo uma Lamborghini) que será fabricado em território nacional. Que tesão!

Esta verdadeira obra-prima será desenvolvida pela empresa Amoritz GT e terá seu preço no entorno dos 2 milhões de reais. O motor vem dos EUA, um V10 de Dodge Viper modificado para rodar com álcool e acrescido de dois turbos para render uma potência ideal (de pelo menos 840cv).

O câmbio também virá dos EUA e os freios, da Itália. Afora, produção 100% verde e amarela. Este é justamente o tipo de notícia que quero ler. Que dá orgulho de ser brasileiro!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fast food

Hoje é isso. Não só comemos rápido, mas vivemos rápido. O mundo é muito dinâmico. O mundo não pára. O mundo não dorme. Levamos nossos corpos ao extremo da capacidade humana. Tudo isso a troco de quê?

Num mundo capitalista onde tempo é dinheiro, vivemos com pressa. Mas, pressa de quê? Tudo se transformou numa corrida sem sentido rumo ao túmulo.

Durante uma aula de introdução à economia meu professor nos apresentou um novo conceito, chamado de slow food e, mais além, slow life. Nada mais coerente. A mim, isso representa a redenção. Representa a volta do ser humano a suas raízes naturais. Saudáveis.

Como alguns amigos já ficaram sabendo, esta semana, que para mim seria uma semana de descanso, transformou-se no meu pior pesadelo. Foi como se uma descarga de problemas tivesse inundado a minha existência, como um tsunami, implacável, que invade a praia destruindo tudo por onde passa.

Um caos.

Espertos são os baianos. Tranqüilos, com sua cultura discretamente superior. Que saudades do sossego! Retornando ao princípio, à “comida rapidinha” e aproveitando o gancho regional, fast food no nordeste é "fésti fódi". Nada mais justo:

ti fódi o estômago,

ti fódi o intestino,

ti fódi o colesterol...

Todo esse tempo supostamente ganho nos vai ser debitado da expectativa de vida lá na frente. That’s all, folks! Espero que nos lembremos disso, nas estressantes faculdades da vida ou entre mordidas de hambúrguer...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ordem

Tive uma semana tensa.
Na verdade, algumas semanas, já que as provas começaram dia 12 de abril... e como eu comecei a estudar antes das provas, nossa, mais de uma mês sem 'sossego'.
Ah, sem esquecer do seminário do Direito Constitucional... quem precisa mesmo almoçar e dormir oito horas por noite?

Planos para sábado: colocar as matérias em dia, uma vez que a dedicação exclusiva ao seminário na última semana atrasou muita coisa.

Estou exausta, com o corpo doendo de cansaço
[[Sim, quando eu pensei que o cansaço mental do cursinho era o máximo que poderia haver de cansaço no campo estudantil, vem a faculdade provar que existe uma espécie ainda maior que deixa o corpo de tão exausto, levemente dolorido]].

Eis que eu, aproveitando a tarde que me dei de descanso, colocando a conversa em dia na casa de uma tia, como numa pequena epifania tive uma resposta... SIM, VALE A PENA!

No final da tarde o sobrinho dela chegou - ela não é minha tia de verdade, mas de coração - e chorando, emocionado numa felicidade maior que tudo, contou que passara no Exame da Ordem.

E pela primeira vez tive uma convicção de que essa dorzinha no corpo e esse sono atrasado, e todas as 200 páginas por semana de leitura de n matérias valem a pena e daqui três anos o choro de alegria será meu!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Divagações

Há tanto tempo não escrevo aqui. Queria ter o dom de escrever textos "à la Fernando", sarcásticos, engraçados, criativos... Parece que cabe a mim a parte mais chata, os textos mais reflexivos e sei lá, melosos. Fazer o que? A inspiração me surge quando tenho devaneios existenciais rs.
"Viver é deixar viver", diz a letra de uma música do Barão Vermelho. Mas afinal, o que é a vida? Quem determina o que será de nós, somos os responsáveis por tudo o que acontece, ou tudo está determinado por Deus desde o momento em que nascemos?
Ao entrar no laboratório de anatomia, há um quadro com uma meditação aos cadáveres que utilizamos para estudar:

"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que esse corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado, e sentiu e esperou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima siquer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus o sabe, mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente".

Um outro quadro, escrito por uma antiga turma de medicina, diz, resumidamente:

"Pra que nascer, se temos de amar e pra que morrer se amamos?"

Vivo me questionando o porquê de tantas coisas. Ultimamente coisas têm me acontecido e, a cada dia que passa, tenho mais certeza de que nada é por acaso. Acredito que pra tudo na vida há um propósito. Não sei se já nascemos com alguma missão, se é que isso existe, mas acredito que cada um de nós nasce com algo insubstituível, único e que deve ser compartilhado com as outras pessoas, de forma a sempre acrescentar algo.
Ao olhar pras peças do laboratório de anatomia e estudá-las, sempre me vem aquele pensamento: "meu Deus, isso foi uma pessoa. Teve sonhos, chorou, sorriu, amou, e agora tá aqui, conservada com formol, fedendo e completamente sem vida". Ao olhar um cadáver, por mais que a carne esteja ali, não há aquela energia que sentimos ao tocar uma pessoa em vida. É como se nós não fossemos apenas ossos, músculos, sangue e vísceras; há um algo a mais, uma energia diferente em cada pessoa que a faz ser diferente e especial, ter sentimentos e angústias, amar. Talvez essa seja a definição de alma, e é isso que difere um ser humano de outro. Afinal, quando morremos, o destino de todos é o mesmo: apodrecer, e não há como fugir disso. Cabe a nós fazermos com que a outra partezinha siga um rumo diferente, e isso depende do que fazemos em vida, de como aproveitamos as oportunidades e, principalmente, as pessoas que surgem no nosso caminho.
Viver não é apenas ter o coração batendo, mas senti-lo palpitar mais rápido quando tocamos as pessoas que amamos, ou perdermos o ar ao pensar nelas; é sentir um arrepio na pele com um simples toque ou lembrança, ter saudades. Viver é dar a oportunidade a todas as coisas, aproveitar as boas e com as ruins sempre tirar um aprendizado, uma lição.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Jornada

E o que aconteceu com a cumplicidade?
Foi levada para um beco escuro
e assassinada à queima roupa?
Sim.

Não só de universidades estaduais se faz o ser humano.

Outra viagem estava passando pela minha cabeça
Permeando finanças
Administrar nunca é problema
Tanto vacas robustas, quanto as mais fracas
A questão é o equilíbrio

Tudo que representava evasão
Estava espreitando minha mente
Fazendo tocaia
Atrás da moita

Eram pensamentos prontos para receber a deixa
E entrar em cena

Nas tribunas, executivos velhos
Assistiam indiferentes
Não se surpreendiam com os esforços
Mas ao primeiro deslize
Estariam prontos para apontar
Como uma faca que desponta
Cortando o vento

Eu prefiro
Não
Eu vou esperar alguém tropeçar em alguma peça de dominó
Para então lançar mão de argumentos enfileirados

Espero acumular muito poder
Para poder mexer peças de xadrez num tabuleiro
Ao invés de ser mexido
Pela mão que dita e decide

Num braço-de-ferro incandescente
Na guerra, no amor e em festivais aleatórios
Tudo vale, vale tudo

Minha mente viajava
Era só comprar uma passagem e ir.
E a coragem?

A coragem não era uma raposa
Era uma hiena covarde
Que saía para tomar café
E me abandonava ao léu?

Apenas o relógio ergueria a espada contra a covardia
No meio tempo, cigarros queimariam nos cinzeiros
Gelo derreteria aguando o whisky

Os exemplos podiam ser encontrados em estantes
Bem organizados, ou mal
Musicas ecoavam na bela paisagem montanhosa
Hoje o cardápio do bandejão é de bife acebolado
E o suco
De caju
Maldito caju!

Não me surpreendi quando encontrei
cachorros fazendo sujeira sobre meu túmulo
Alguma raposa ia aparecer,
conversar comigo,
e me enganar.