domingo, 16 de agosto de 2009

MONOPÓLIO


A mídia exerce um papel fundamental na formação cultural de um povo. Hoje, cerca de 90% das residências brasileiras têm, no mínimo, um aparelho de televisão, e a internet é outro meio promissor de nos trazer informações sobre o que acontece no Brasil e no mundo, sem deixar de citar, claro, jornais e revistas. Eis um “pequeno” infortúnio: quem decide o que vai para as “telinhas”? Quem é que detém o poder de filtrar toda a informação que chega ao público?
O processo se desenvolve em várias etapas, partindo da formulação dos principais jornais do país e do mundo, os quais já selecionam os temas e geram os conteúdos e suas próprias interpretações dele. A partir daí, a televisão, por exemplo, seleciona e “corta” ainda mais a notícia, de acordo com o tempo disposto para divulgá-la em rede nacional. Com a tecnologia atual, um determinado fato que acaba de acontecer, por exemplo, em Camboja, chega ao conhecimento do público minutos, segundos depois através da internet. É dever dos profissionais da área de jornalismo obter as informações e transmiti-las, na íntegra, ao público. E se, porém, determinado meio de comunicação decide não transmitir essa notícia? Se julgarem que tal fato não é tão importante? Afinal, pra que estarei eu interessado no que acontece em Camboja? Concordo que um telejornal, por exemplo, dispõe de um rígido horário que deva ser seguido e, por isso, muitas notícias acabem não sendo transmitidas. A questão é: quantos telejornais estão, atualmente, em exibição na televisão brasileira? Por que todos eles noticiam sempre as mesmas notícias? É preciso saber o que assistir e onde fazê-lo. Infelizmente, assistir somente ao “Jornal Nacional” não é suficiente. Por que será que a Rede Globo controla 32 canais de televisão e mais outros 20 de rádio? É pura questão de interesses. É por fatores como estes que assistimos, tão indignados, à influência da família Sarney no Maranhão, ou de Fernando Collor, em Alagoas. Acredito que sim, essas pessoas compram as emissoras, não só a Globo, para que estas transmitam apenas o que é de seu interesse ou que, como é o que mais ocorre, chegue ao telespectador apenas “pedaços” da notícia, frisando, é claro, apenas o que lhes convém.
Recentemente, a Petrobrás decidiu postar num blog informações sobre a estatal. Até aí tudo bem. O “bafafá” surgiu quando, após ser entrevistado por e-mail, o responsável por publicar tais notícias decidiu divulgar a entrevista concedida na internet. Eis o caos: segundo a mídia, uma falta de respeito ao trabalho dos jornalistas que tão sofrivelmente – coitados! - lutam por um fato exclusivo e inédito a publicar. Que eu saiba, as informações eram da Petrobrás, e cabe apenas a ela decidir como transmitir ao público o que quer que seja, contanto que chegue ao conhecimento de todos! Assim como praticamente tudo, a mídia também virou uma forma de comércio, é essa a verdade. O capitalismo dita as regras.
A maioria da população brasileira não tem acesso adequado à informação. Muitas vezes tem-se em casa apenas um televisor e, por malditas questões culturais, as pessoas nem ao menos se importam em saber o que se passa no Brasil e no mundo. Da minoria que, ao contrário, se interessa pela informação, outra grande parte não sabe como fazer para obtê-la de maneira sensata, ou mesmo não tem acesso a um bom noticiário. Por que será que existem contrastantes diferenças entre a TV aberta e a por assinatura? Essa é mais uma prova do muito que ainda se deve melhorar. Assistir a apenas um noticiário não é suficiente. Cada um disponibiliza a notícia de uma forma diferente. Assistindo ao Jornal Nacional ontem (não tem jeito, é o de maior audiência e também o único assistido pelos meus pais aqui em casa, infelizmente), percebi um belo joguinho contra a “oposição”, literalmente. Aproveitando-se do fato de – finalmente – estar vindo à tona toda a corrupção da Igreja Universal, a reportagem da Rede Globo fez questão de citar em praticamente todo o tempo o fato de a Rede Record ser a mais beneficiada, depois da própria igreja, com o dinheiro dos dízimos dos fiéis. Concordo, isso há de ser punido, mas tenho certeza absoluta de que a Rede Record é apenas mais uma beneficiada de muitas e muitas outras. A notícia até citou no início os vários esquemas de corrupção, mas depois praticamente apenas ouviu-se falar da Rede Record. Ainda fizeram questão de divulgar o Ibope desta na madrugada, em torno de 1,5 pontos, se não me falha a memória e, claro, os pontos da Globo, na casa dos 6, creio eu, no mesmo horário. Pelo amor de Deus, onde isso vai parar? O público não quer ver uma emissora atacando a outra, pelo menos não a minoria interessada na informação. É engraçado pensar que, nos últimos tempos, é a Rede Record a que mais ameaça a Globo em termos de concorrência...
As pessoas devem achar alternativas. A internet é um bom começo, já que numa simples busca diversos sites noticiam determinado fato com diferentes perspectivas. O problema é que apenas 10% da população tem acesso a ela. Com revistas se deve ter muito cuidado; nunca é bom ler apenas uma revista ou um jornal, assiduamente, pois a maioria não se preocupa apenas com a notícia. É a forma que certos jornalistas encontraram de ganhar dinheiro, vai entender. Existem, sim, boas revistas e bons jornais, cabe ao leitor saber procurar. Há muito em que se refletir ainda. A mídia é fundamental na formação cultural de um povo, e se as coisas continuarem desta forma no nosso país, continuaremos tendo os mais diversos problemas, e Sarney, Collor e tantos outros continuarão impunes. Notícia em primeiro lugar, não interessa como ela chega a nós.

4 comentários:

  1. hum, legal linda!mas acredito que 100% da população tem acesso sim as noticias de verdade, completas e concretas o que as impede é falta de interesse pela informação, a maioria só se interessa por noticias de tragédia e fofocas! e incrivelmente ainda se queixam da falta de verdades nos noticiarios!

    ASS: AOS SEUS PÉS.COM!RSRS

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  2. Eu concordo com o post, as informações são passadas conforme o interesse dos meios de comunicações que as transmitem. Exite muito interesse por trás daqueles simpatícos âncoras, daquelas inocentes novelas e reportagens.
    Alias, para rede globo pouco interessa se fulano deu sua casa para universal, se beltrano não tem o que comer pq pra ser 'curado' deu tudo que tinha, mas há apenas uma 'felicidadezinha' subjetiva de a concorrente estar envolvida em um escandalo...

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  3. ei Anônimo! 100% da população tem acesso sim as noticias de verdade? em que mundo vc vive???? tem muita gente no Brasil que não tem nem televisão! abra sua mente..

    concordo que a maioria das pessoas só se interessa por baixaria..é a triste realidade. E a tv mostra o que o povo quer ver. afinal, jornalista também tem que comer né?
    é claro que acima disso eles deveriam ter um compromisso com a verdade e com a população. mas nem todos pensam assim, certo?

    qto a questão da Universal, acredito que AMBOS os lados estejam errados. nunca frequentei a Universal e nunca fui afetada por ela, logo não cabe a mim julgar. mas acho que o Edir Macedo tá sendo completamente inescrupuloso ao fazer o que ele faz em nome de Deus. E a globo, é claro, tá se aproveitando da situação pra atacar um pouquinho a outra emissora...

    pronto, falei demais.

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