segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Passar em medicina - comofas?/

Juramento de Hipócrates: "(...) Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar danos ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. (...)"



A cada dia que passa minha dúvida aumenta a respeito de algo completamente paradoxal: é tão difícil e concorrido passar em um vestibular de medicina - tanto pra ensino público como particular - e cada vez mais nos deparamos com uma imensa quantidade de incapacitados trabalhando nessa profissão tão admirada, pessoas completamente sem senso humanitário e sem um mínimo de capacidade intelectual pra exercer tal ofício - cuidar da vida e da saúde da população.
Será possível que esses "doutores" já foram, em um passado não muito distante, estudantes esforçados e desesperados se auto-mutilando em cursinhos em busca de uma boa faculdade ou do simples fato de se tornarem médicos visando melhorar o bem-estar das pessoas?

Parece que não.

Vide as peripécias realizadas por alguns açougueiros (vulgo doutores):


"Jésica Santillán, de 17 anos, recebeu o coração e os pulmões de um doador incompatível. Os médicos Centro Médico da Universidade de Duke parecem não ter feito a verificação de compatibilidade antes da cirurgia. Depois de um segundo transplante para corrigir o erro ela sofreu danos neurológicos e outras complicações que adiantaram o seu falecimento.
Jésica tinha sangue tipo ‘O’ e recebeu os órgãos de um doador tipo ‘A’."


"Benjamin Houghton, um veterano da Força Aérea dos EUA de 47 anos agendou uma cirurgia para remover seu testículo esquerdo por temores de câncer. Mas uma série de erros levou à remoção do seu testículo direito."


"Donald Church, de 49 anos, tinha um tumor no seu abdômen quando chegou no Centro Médico da Universidade de Washington, em junho de 2000. Quando ele recebeu alta o tumor havia sido removido, mas um afastador de metal de 33 centímetros de comprimento permaneceu no seu abdômen por engano."





"Joan Morris (pseudônimo) de 67 anos foi admitida para realizar uma angiografia no cérebro. No dia seguinte ela recebeu, por engano, uma cirurgia cardíaca invasiva para um estudo de eletrofisiologia. Depois da angiografia ela foi transferida para o andar errado, e ao invés de retornar para seu leito original e receber alta no dia seguinte ela acabou sofrendo uma cirurgia cardíaca que a colocou em riscos de hemorragia, infecção, ataque cardíaco e derrames. Durante a cirurgia o médico recebeu um telefonema de um colega perguntando “o que você está fazendo com a minha paciente?”. Neste momento foi constatado o enorme erro e a paciente voltou para seu leito em condição estável, depois do estudo ser suspenso."


"Não é nada agradável ter que sofrer a terrível perda de uma de suas pernas por amputação, mas ainda é muito pior quando levam a sua perna boa. Este caso ocorreu quando Willie King precisou amputar uma de suas pernas em 1995, na Flórida, nos EUA. Uma cadeia de erros levou a perna errada a ser preparada para cirurgia e os cirurgiões perceberam o terrível engano no meio do procedimento, quando já era tarde demais.
Como resultado a licença médica do cirurgião foi suspensa por seis meses e ele foi multado em U$ 10 mil. O University Community Hospital de Tampa, onde a cirurgia ocorreu, pagou U$ 900 mil para Willie e o próprio cirurgião pagou mais U$ 250 mil.
Quando você cobraria por uma de suas pernas?"



Agora reflitam. Se em hospitais bem conceituados ocorrem esse tipo de coisa, imaginem em lugares como o Nardini? (não sabe o que é? joga no google)
Creio eu que a dignidade nesses lugares tirou férias e não quer voltar. Mas não tem problema, afinal, pobre não é gente então não precisa dessa coisa de dignidade...







Para complementar os seus conhecimentos...


O Decreto Lei 20931/32, art. 11: "Os médicos, (...) que cometerem falta grave ou erro de ofício, poderão ser suspensos do exercício de sua profissão pelo prazo de 6 meses a 2 anos e, se exercerem função pública, serão demitidos dos respectivos cargos".

Código Civil, art. 159: "Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito ou causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano. Art. 1545: "Os médicos (...) são obrigados a satisfazer o dano (...)".


Vemos, portanto, a justiça brasileira muito bem cumprida.


E o Juramento de Hipócrates - o pai da medicina - se tornando hipócrita...

6 comentários:

  1. Excelente,

    naum usou um titulo ingles, muito melhor assim

    mas não vamos desmerecer os médicos q trabalham no Nardini, né?

    hehehe

    parabéns pelo seu texto, minha futura doutora

    ; - )

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  2. quero deixar claro que não estou desmerecendo os médicos que trabalham no nardini, pelo contrário, precisa ter muita coragem pra trabalhar lá... ;)

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  3. nooossa, muito bom mesmo! Esses questionamentos também passam pela minha cabeça. Será possível que esses "médicos" passaram por esse inferno de vida de cursinho pra tentar uma vaga tão suada e concorrida na universidade?

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  4. muito bom o texto, bem interessante ^^

    :*

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  5. E o juramento de Hipócrates...
    coitado do Hipócrates se soubesse o que fazem do nome dele; teria um infarto.

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